quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

O segredo das BIRRAS!

Enquanto uns se apressam a rotular a criança de teimosa, e imediatamente surge um familiar próximo com quem a identificam, outros preocupam-se com a forma como podem lidar com a situação – tudo por causa das birras. “Serão normais estas birras?”; “Por que é que acontecem?”; “Como devo reagir?” São questões muito comuns.
As birras são muito comuns na fase dos 2 / 3 anos de idade e são normais e até saudáveis. São comuns a todas as crianças dessa faixa etária (ou espera-se que sejam) e são consideradas saudáveis porque acabam por passar uma aprendizagem à criança, se o adulto / cuidador reagir adequadamente à situação.
Antes de começar a caminhar, a falar e a conseguir o controlo dos esfíncteres, a criança é muito dependente dos cuidadores. É a partir do momento que começa a poder deslocar-se - com a aquisição da marcha; a começar a falar – aquisição da linguagem, e a controlar os esfíncteres que consegue sentir-se mais autónoma; mais independente. Ora a autonomia permite-lhe a possibilidade de opor-se aos outros e dá-lhe uma maior sensação de poder: “posso ir para onde quero; posso dizer “NÃO” e decidir onde e quando saem os meus cócós e xixis”. Esta “força” que sente vai tentar aplicar a todas as circunstâncias em que a vida não lhe corre como mais deseja. E usa o espernear, gritar, pontapear e atiradas para o chão como argumentos de peso.
Como ser intuitivo e muito perspicaz que é (todas as crianças o são), lança os ditos argumentos de peso e aguarda pela reação dos cuidadores para perceber:
1.       Se assentem ao desejo, validando o argumento - que passa de negado, em primeiro plano, a consentido, logo a seguir;
2.       Ou, então, os cuidadores suportam a birra; não a valorizam e esperam calmamente que a criança consiga tranquilizar-se
É nesta reação dos adultos que pode residir a chave para que as birras sejam uma mera fase do desenvolvimento emocional infantil, considerada por si só como transitória, ou assumam contornos de comportamento característico da criança.
Os cuidadores devem, esperar que a criança se tranquilize sem ceder ao que originou a birra, quer este comportamento seja em casa, num ambiente mais privado, quer seja fora, num espaço público. Os desejos concedidos durante uma birra promovem o continuar deste comportamento porque a criança percebe “isto funciona”.
A capacidade dos cuidadores suportarem / aguentarem o momento da birra, proporciona à criança:
1.       a possibilidade de aprender a tolerar a frustração. Efetivamente, nem tudo o que se deseja pode ser alcançado e é desde pequeninos que essa aprendizagem é feita, através destas pequenas frustrações.
2.       A sensação de limites que conduz a criança a sentir-se mais segura, mais apoiada, vivenciando os cuidadores como fontes de suporte.
Espera-se que a atitude dos cuidadores seja consistente no tempo, permitindo à criança espaço para compreender que os pais estão seguros de si, têm regras bem definidas, o que se traduz em conforto e segurança para a criança. Desta forma, conseguirá sentir os pais como os pilares fortes que precisa para crescer saudavelmente confiante.
Muito embora as já referidas birras sejam comuns no processo de desenvolvimento emocional, é importante ter em atenção a idade da criança para poder definir o comportamento como ajustado (ou não). Se persistirem dúvidas, não hesite em contactar-nos.

Alexandra Silva Nunes
Psicóloga / Psicoterapeuta
Cédula Profissional nº 3347
E-mail: alexandrasilvanunes.psicologia@gmail.com

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quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

A medida dos avós

A medida dos avós

Nesta geração em que os avós são tanto ou mais cuidadores do que os pais - fazem o percurso de e para a escola, dão banho, vestem, fazem o jantar, ajudam nos TPC e que, muitas das vezes, cuidam também aos fins de semana – assumem um papel no desenvolvimento e educação da criança.
O amor é desmedido, o tempo é largamente superior ao que tinham quando foram pais, e a tolerância tende a ser proporcional a esse tempo. E falando em proporcionalidade, a exigência; as regras; a disciplina, no fundo, também entra num registo de proporção – mas desta vez inversa à quantidade de tempo e de tolerância. Que é como quem diz: amor acrescido, tolerância aumentada, regras diminuídas.
A grande verdade é que os pequenos também precisam de algum espaço de tolerância zero, em que as regras de trânsito da disciplina, funcionam assim como se o polícia sinaleiro estivesse de serviço mas em modo adormecido, aqui e ali… O que depois define entre pequena transgressão e crime maior é, em primeiro lugar: a dose deste espaço (espaço “tolerância zero”, entenda-se).
Se a casa dos avós é como um hotel de 5 estrelas, super luxo – aqueles em que só vamos esporadicamente – a guarda estar em fraca vigilância é bem vinda. Se, pelo contrário, a estadia é de caracter quase permanente, então impõe-se um código de conduta mais claro, daqueles que dão o conforto às crianças de saberem com o que podem contar; para poderem ajustar as expectativas de como serão as reações dos adultos às suas investidas em delitos.
A segunda regra de ouro para que esta “tolerância zero” possa ser saudável (sem qualquer intenção de priorizar a importância de cada uma em relação à outra), é que nunca os avós se imponham aos pais e cometam atentados fatais à autoridade destes últimos, e muito menos! na presença dos pequenos.
Para que o desenvolvimento possa ser equilibrado e saudável, é importante a disciplina e o amor, a autoridade e o mimo, o aconchego e o ralhete. E é tudo isso na medida certa que presta um grande auxílio a um desenvolvimento emocional harmonioso. Então para que haja um espaço positivo à “tolerância zero” é importante que co-habite com uma parentalidade firme, coerente e consistente e que, se alguma dúvida restar em qualquer circunstância, a criança possa ser recordada sobre de quem é a última palavra, sem sentir que isso é matéria ainda não decidida pelo grupo dos adultos.

Alexandra Silva Nunes
Psicóloga / Psicoterapeuta
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