A
procura de apoio psicológico consiste, por vezes, num pedido de ajuda. A este
pedido é geralmente dada toda a importância. Entende-se, que não são raras as
vezes, em que este aparece como um grito de socorro e num contexto de vergonha
e de medo. Este pedido de ajuda ocorre quando alguém não se sente bem, tem
dificuldades em entender-se a si mesmo e isso causa-lhe transtorno. Todos nós,
em algum momento da nossa vida, nos questionámos sobre o porquê de termos feito
aquilo ou sentido daquela maneira. Mas por vezes esta dúvida persiste e parece
não ter resposta, parece que nos deixa uma angústia com a qual não sabemos
lidar.
Ao
psicólogo cabe o papel de ouvir, de compreender, e acompanhar o seu paciente na
percepcão de si mesmo, nesta transformação e construção. Salienta-se que este
acompanhamento não consiste em dar as respostas, em dizer se fez bem ou mal,
mas antes em orientar o pensamento da pessoa, ajudá-la a responder-se a si
mesma. E aqui surge por vezes a questão se o psicólogo dá respostas. Não!
Na
psicologia não se pretende que o terapeuta assuma a responsabilidade dos atos e
pensamentos do outro, mas antes que este ajude os seus pacientes a refletirem e
autodescobrirem-se. O psicólogo procura que o paciente em terapia se oiça a si
mesmo, oiça aquilo que diz e que às vezes parece que não diz, e que desta forma
encontre as suas respostas. Fazendo uma comparação: se uma criança em idade
escolar perguntar como se lê uma palavra e lhe responderem que é assim, ela
apenas saberá a palavra naquele sítio e não a entenderá. Desta forma, se voltar
a aparecer a palavra ela não a saberá ler e terá de procurar ajuda novamente,
também não reconhecerá as letras e por isso se as vir noutras palavras não terá
autonomia para tentar saber, e ainda, caso lhe tenham dado mal a resposta a
responsabilidade será de quem lhe disse e não dela.
Segundo
Maria Rita Leal "o profissional de psicologia deseja ajudar alguém a
encontrar o caminho para promover dentro de si mesmo o seu potencial humano
(...) assume o compromisso de acompanhar pessoas na difícil busca de liberdade
e de realidades interiores...". Assim, o processo terapêutico consiste num
processo de crescimento interno do paciente em psicoterapia. Este é um processo
gradual e que para cada pessoa tem o seu ritmo.
Neste
processo de crescimento também é necessária uma adaptação, pois a forma como um
adulto fala é diferente da forma como a criança comunica. Para a criança nem sempre
é fácil traduzir por palavras aquilo que sente e, por isso, o terapeuta recorre
também à linguagem da criança: os brinquedos. O psicólogo, através de
brinquedos específicos acede ao mundo da criança, comunica com ela ajudando-a a
compreender-se a si mesma através de situações que lhe são familiares e as
quais ela traz para este contexto.
A
ida ao psicólogo, bem como a exposição dos problemas pessoais ao mesmo, não
deve ser temida. Por vezes as questões sentidas parecem “ridículas” para o
próprio, mas estas podem ser as mesmas de outras pessoas e a ajuda de um
técnico especializado é seguramente essencial no desenvolvimento pessoal, ao
nível do auto-conceito e do bem-estar.
Margarida
Garcia
Psicóloga
clínica
Cédula
profissional n°11533
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